Tem gente que esquece mesmo o sobrenome que tenho, toda a carga genetica que ele me deu e a força que o povo alemão sempre teve e que por consequência eu herdei. Não desisto do que quero e tenho meus objetivos. Como diria meu pai.. "essa é do couro seco!" e de fato.. sou!
E falando em sobrenome é inevitavel não lembrar daquele homem grandão, de cabelo sempre penteado, calça social, com aqueles enormes olhos azuis! E não! Não tenho problema com olho claro e nem quero lentes de presente de formatura!!!!! Sejam criativos e pensem em outra coisa, surpreendam-me! Mas eram olhos lindos, extremamente azuis e expressivos. Lembro bem...
Sempre fui bem ligada ao meu avô - sim.. eram deles os olhos a que me referi - as poucas palavras que sei em alemão fiz questão que ele me ensinasse. Vivia me falando que eu deveria dormir bem menos, pois quem dorme muito acaba vivendo pouco.. e dizendo que devia parar de crescer. Acho que ficaria mais tranquilo se soubesse que parei no 1,75 de altura e que dormir tem virado artigo de luxo!
Sempre me cansava com a ideia de que queria netos homens e até então eramos apenas mulheres, falava do sobrenome que não iria pra frente e da felicidade que teria se viesse um menino pra mudar isso. Essa parte eu achava um saco, coisa mais machista pensar em sobrenome e blablabla. Mas fato, ele tinha razão.
Mesmo achando que ter netos homens seria o máximo, o que prevalecia era a ideia de hierarquia.. ele era alemão afinal! Então as escolhas eram feitas primeiro pelos mais velhos, seguindo a escadinha de netos. Essa parte eu adorava!!! Eu sou a mais velha e tinha prioridade de escolha em presentes ou no que ele queria organizar.
Como já falei, era a que mais dormia de todos os netos.. e o caos reinava, tudo só começava depois que a mais velha acordasse. E eu obviamente, bem bichinha do mal que sou, me aproveitava da situação e deixava todos esperando por mim!
Quando falei de céu e nuvens, acho que ontem, lembrei dele.. Sempre lembro. Não lembro direito porque, mas olhei muito pra cima durante o velório e o enterro dele. E sempre que olho pro céu, lembro-me bem dos olhos e do jeito que ele ria quando bagunçava meu cabelo me mandando parar de crescer. São boas lembranças!
Olhando tudo isso e pensando sobre a forma como sempre fui tratada por eles, confesso que me acostumaram mal. Ainda não sei perder e não aprendi a aceitar determinadas situações, mesmo que elas não dependam de mim.. É ruim perceber que perdi e que perdi por nada.
Mas como uma boa RiSalame, fazendo jus ao sobrenome e a carga genetica.. sigo firme com meus objetivos e sem esquecer do que sinto! :)
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